domingo, 15 de maio de 2011

Finais de semana nowadays

Não existem mais finais de semana como antigamente. O sábado à tarde começava com o programa do Sérgio Mallandro na CNT com aberrações humanas e outros assuntos sempre polêmicos. Começava 16:30h e ia até 18:30h numa mistura de erotismo, merchandising e show de calouros. O mais maneiro era que de 18:30 \ 20:30h passava novela, noticiário e a partir de 20:30h o programa VOLTAVA até 1h da manhã só com pegadinhas de humor negro do tipo fazer alguém de refém na rua, explodir ônibus ou entregar um saco de farinha pro Rafael Pilha pensar que era cocaína e ter uma recaída.

Não existem mais domingos como antigamente, era o melhor dia da semana disparado. Houve uma época em que eu esperava ansiosamente pra colar na TV e me alimentar daquela programação bizonha semanal que consistia em:

Almoçar vendo XAVECO com o retardado do Celso Portiolli, que era um programa onde uma mulher ia eliminando uns 100 caras pelas características que ela bem entendesse, mas o mais escroto era que as pessoas não paravam de dançar hora nenhuma. Até na hora do toco e se despedir a pessoa era obrigada a sair dançando num bom humor extremo.

Em seguida começava DOMINGÃO DO FAUSTÃO em sua época áurea com Olimpíadas do Faustão, Latininho, Vídeo Cassetadas e Sushi Erótico. Isso dispensa qualquer tipo de comentário.

Depois vinha a tríade do SBT e a coisa ficava séria:

DOMINGO LEGAL também em sua época áurea com Gugu TODA SEMANA falando sobre Chupacabra e levando É o Tchan pra dançar a demoníaca "Dança da Cordinha" durante mais de uma hora com os convidados, Liminha e o público acéfalo, Banheira do Gugu com Luiza Ambiel e Van Damme tendo uma ereção live com Gretchen se esfregando nele e Gugu manjando apontando falando "olhaaaaa" marcou e traumatizou minha infância. Culminando com os momentos de concurso nacional de "Dança na Boquinha da Garrafa INFANTIL".

Em seguida começava o lendário EM NOME DO AMOR com apresentação do Mestre Silvio e era um programa que começava com uma paquera ridícula com binóculos entre homens e mulheres por mais de 2 horas enquanto rolava o programa. No meio disso tinha toda uma sequência de eventos bizarros e quadros como "Te quero de volta" que em 99% das vezes terminava em toco e choradeira, pedidos de casamento ao vivo, etc. No final do programa os seres irracionais XY levantavam correndo pra pegar alguma mulher random e dançar com luz baixa ao som de "Only You" do The Platters e em 3 minutos decidiam se era namoro ou amizade. Nesse caso eu sempre torcia pra dar namoro pelo simples prazer de ver o Roque trazendo buquês de flores.

Terminado isso vinha o The Master, o épico, o incrível TOPA TUDO POR DINHEIO que dispensa apresentações com Silvio Santos trollando crianças, apostando se elas chorariam, cantando mulheres da plateia e principalmente as pegadinhas com as escalações de Gibe, Ivo Holanda, Ruth Ronce e Carlinhos Aguiar.

Realmente, não existem finais de semana como antigamente.

sábado, 14 de maio de 2011

Crônicas

Comer que nem um condenado tem lá suas vantagens. É uma mistura de gula com praticamente um orgulho sexual mais demorado que uma relação em si. É coisa de gordo, mas vamos convir que a melhor parte de comer até a comida começar a cair no pulmão é apenas o 'durante', jamais o 'antes' e muito menos o 'depois'.

O 'antes' é uma forma de tortura medieval, onde você sabendo que vai num Porcão às 15h se recusa a comer qualquer coisa e pra não morrer come um Danoninho e meio pão de forma só pra não ter que ir pra lá no soro. A experiência anterior que tive foi num rodízio de petiscos onde me recusei a comer e fui em jejum. Não deu 1 hora e já tinha vomitado no banheiro do Comida à Mineira [2x] e depois um combo de vomitada estilo Aretuza Squirtle + diarreia no banheiro de deficientes do Botafogo Escada Shopping [1x]. Ao mesmo tempo.

O durante dispensa comentários. O 'depois' que é o fail. O 'depois' de comer feito um condenado é pior que um pós transa, onde você fala qualquer merda e finge que não estava fazendo nada demais. O 'depois' deste caso não te permite sequer pensar \ respirar \ organizar ideias para falar qualquer coisa. Até porque falar depois disso dá uma sensação de tristeza e mal estar e você acaba pensando em encontrar sua amiga Mia, coisa que nunca cheguei perto de fazer.

Essa sucessão de fatos te leva invariavelmente a pensar na vida. Não sei vocês, mas o pós comida [não pós sexo] te leva a refletir sobre suas condições como ser humano. Particularmente, embora você tenha vontade de morrer numa situação dessas ou ter dificuldades de transformar O² em CO², é uma ótima hora pra você pensar no que está fazendo de errado ou ineficiente na sua vida.

Mais uma vez, não sei vocês, mas essas reflexões combinam com a volta pra casa. E tem que ser com toda uma parafernalha ímpar: voltar de 457.

Sair do Porcão e voltar de 457 pra casa é como sair do luxo ao lixo. Ou do céu ao inferno pro galerê religioso. Minha concepção de céu é eu ficar a eternidade num quarto com ar condicionado bebendo refrigerante sem parar e sem encher direto e quando me desse fome vir uma anja de biquíni me entregar uma pizza. Da mesma forma, minha definição de inferno é um 457 gigante, infinito e lotado circulando pela Zona Sul \ Norte fluminense e jamais chegando ao seu final.

Andar de ônibus de noite e ainda mais nessa noite fria pra mim é algo sublime [ok, mesmo sendo um 457], onde você bota a cabeça no vidro [e ela fica quicando até você ter um AVC ou traumatismo craniano] e enquanto o ônibus vai andando você vai pensando em tudo que anda fazendo por aí e tudo que você espera que aconteça há tempos e há tempos não acontece.

E tudo isso por causa de uma gula desgraçada. Amanhã é outro dia, talvez tudo volte ao normal e eu não tenha que andar de ônibus pela cidade à noite. E vou torcer também pra, caso eu tenha que andar novamente, não saia do mundo da lua e me ligue que perdi meu ponto apenas dois pontos depois de onde eu deveria ter saído.